o cineclube

Em Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha, 1964), o personagem Antônio das Mortes (Maurício do Valle) vaga pelo sertão nordestino à procura de fanáticos e cangaceiros. A caracterização da personagem é enigmática (barba grossa, está vestido com uma capa preta que o engrandece, chapéu longo e uma espingarda) e sua figura, contraditória: mata recebendo dinheiro daqueles que oprimem o povo, mas ele quer o bem do povo. Tal contradição “constitui seu próprio ser”.

Esta figura intrigante repercutiu entre o público. Em Goiás, sua força e a de seu criador, Glauber Rocha, foram responsáveis por inspirar um grupo composto por jovens estudantes e cinéfilos. E a homenagem desta inspiração se deu pelo nome da entidade que este grupo criou: o Cineclube Antônio das Mortes. Fundado entre 1977 e 1978, o cineclube se dedicou às exibições e debates, a grupos de estudos e à produção cinematográfica. Nas exibições, organizou mostras de cinema brasileiro, em grande parte de filmes do Cinema Novo e Cinema Marginal. Exibiu as obras da Nouvelle Vague, do cinema russo, tcheco e, principalmente, do Cinema Novo Alemão. Os debates eram marcados pela busca da discussão política e estética. Em uma relação mútua de interesses, as exibições e debates provocaram o desejo de ampliar o conhecimento sobre as cinematografias. E o estudo das várias estéticas despertava o desejo de discussão. Desenvolveu-se então um grupo de estudos com leituras que perpassavam o cinema, filosofia, sociologia, literatura, artes e psicanálise.

os 40 anos

Após três anos de atividades, alguns de seus membros manifestaram o desejo de partir para a produção cinematográfica. Criou-se, em 1981, o Núcleo de Produções do Cineclube Antônio das Mortes. Durante três anos foram produzidos 15 filmes, sendo 11 curtas-metragens e quatro médias-metragens. Outros registros e filmes não finalizados também foram elaborados neste tempo. Uma característica comum destas obras produzidas pelo núcleo era a busca pela linguagem experimental, a partir de uma perspectiva múltipla que o conceito de experimental tinha para estes membros. Neste período de produção, as exibições continuaram, sendo oferecidas até 1987.

Além disso, alguns membros desenvolveram outra atividade para e a partir do cineclube: a crítica. Eles garantiram presença constante do cineclube nos jornais da cidade através de suas críticas de cinema. Estas diferentes atuações contribuíram para relações diversas que os participantes estabeleciam com a entidade. Não foi possível precisar quantas pessoas frequentaram o CAM, devido estas várias interações que foram criadas. No entanto conseguiu-se mapear alguns membros que tiveram grande atuação no núcleo central ou orbitaram em torno deste.

cineclube antonio das mortes

SESSÕES ESPECIAIS
40 ANOS CINECLUBE
ANTÔNIO DAS MORTES

de 07 a 22 de Fevereiro

Lumiére Bouganville

de 23 de Fevereiro a 22 de Março

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